Quem tem o privilégio de viajar e conhecer outros países geralmente depara-se com uma realidade inegável: há sempre um amigo que vai sugerir três ou quatro locais de passagem obrigatória.
Infelizmente o mesmo processo não ocorre tão frequentemente quando um estrangeiro prepara uma visita ao nosso País. Recentemente, um canadiano demonstrava-me o seu profundo desagrado por o famoso Nando’s (cadeia de frango de “churrasco” que se vende em Inglaterra como sendo tipicamente português) não existir em Portugal. “Eu pensei que era um ‘franchising’ português”, lamentou, após uma visita ao Porto.
Não deixou porém de falar nas francesinhas: “uma deliciosa bomba calórica”. Outros há que me falam do vinho do Porto ou do pastel de nata como sendo algo que conhecem de Portugal. Mas é somente a isso que se resume o nosso País no estrangeiro.
Temos de vender (a imagem de) Portugal e rápido. Não o temos de privatizar. Temos de o vender como local de turismo por excelência, um ponto geopolítico importante, um país de gente muito qualificada onde se deva investir. Vender o País aos turistas uma e outra vez, num ciclo eterno, sem que eles se apercebam que alguma vez o vão conseguir efectivamente “comprar”. No fundo, temos de fazer aos estrangeiros o que os nossos credores nos fazem com a dívida.
Por exemplo, o Centro de Ciência do Café, em Campo Maior, foi distinguido com o Prémio Museu Português 2015, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia. Este é o melhor museu português e eu nem sabia da sua existência. Irei visitá-lo logo que possa.
Portugal é um país magnífico. E muitas vezes é preciso emigrar para o entender. O clima, o estilo de vida, as pessoas, a boa disposição e a comida marcam no coração uma saudade inexplicável pelas palavras. Mas há mais: os portugueses são excelentes trabalhadores, com excelente ideias e, por isso, extremamente valorizados noutros países.
Infelizmente, em Portugal existe o que chamei noutra carta “o direito ao mérito”. Curiosamente, esta semana ficámos a saber que o sector público demonstra grandes dificuldades no que toca a avaliar e recompensar os funcionários com base no mérito e no seu desempenho, segundo um estudo financiado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
O amiguismo e o partidarismo vingam na sociedade. E acredito que não é só no sector público. Enquanto assim for não iremos estar a vender o País, iremos estar a entregá-lo de mão beijada.