António Braz Teixeira, nos seus oitenta e cinco anos de vida (II)

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Não que a sua formação jurídica não se faça ainda sentir – sobretudo, no seu estilo de escrita, sóbrio e sólido: “no osso”. Simplesmente, essa formação de base nunca impediu António Braz Teixeira de alargar, cada vez mais, as suas áreas de interesse. Desde logo, à literatura, como estes seus três mais recentes livros amplamente comprovam. Só no primeiro – A Vida Imaginada –, revisita todos estes autores: Valle-Inclan, Almada Negreiros, Alfredo Cortez, José Régio, Miguel Torga, Luiz-Francisco Rebello, Agustina Bessa-Luís, Jaime Salazar Sampaio, Augusto Sobral, Norberto Ávila, Ariano Suassuna, Sartre, Camilo Castelo Branco, Saul Dias, Casais Monteiro, Mário Cláudio, Rui Knopfli, José Augusto Seabra e João Bigote Chorão.

Já no segundo – Interrogação e Discurso: estudos sobre filosofia luso-brasileira e ibérica –, após revisitar, na esteira de muitos outros estudos, também eles oportunamente coligidos em outros livros, alguns dos nomes maiores da tradição filosófica portuguesa – nomeadamente, D. Duarte, D. Francisco Manuel de Melo, Joaquim Maria da Silva, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Ferreira Deusdado, Sampaio Bruno, Teixeira de Pascoaes, António Sérgio, Mário Saa, Amorim de Carvalho, Miranda Barbosa, Abranches de Soveral, Gustavo de Fraga, Joel Serrão, Orlando Vitorino, António José de Brito, Ângelo Alves e Sottomayor Cardia –, António Braz Teixeira faz uma incursão para além da nossa fronteira, dialogando com outros autores ibéricos – a saber: Vicente Viqueira, Vicente Risco, José Gaos, Eugénio d’Ors, Joaquim Xirau e J. Ferrater Mora.

Que nos seja aqui permitido destacar, porém, o seu mais recente livro: A saudade na poesia lusófona africana e outros estudos sobre a saudade. Não apenas por retomar e aprofundar outros estudos seus sobre a temática da saudade – a partir, neste caso, de Teixeira de Pascoaes, da geração “Nós” e, em última instância, da filosofia espanhola contemporânea. Mas sobretudo por, de forma absolutamente inovadora, nos falar da expressão e sentido da saudade nas poesias angolana, moçambicana, cabo-verdiana e santomense. No Editorial do mais recente da Revista NOVA ÁGUIA, indica-se António Braz Teixeira como “o maior hermeneuta vivo do nosso universo filosófico e cultural, não só português mas, mais amplamente, lusófono”. À luz de toda a sua Obra, nada de mais justo. ■

Agenda MIL – 14 de Dezembro, Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto, 18h: Apresentação das “Obras Escolhidas de Manuel Ferreira Patrício”. «