PAULO COSTA PEREIRA

Feliz ano novo. E mãos ao trabalho, que até ao Verão tudo o que auferir é para entregar ao Estado socialista. Não vale a pena deslumbrar-se com a propaganda oficial, pois os impostos vão ser mais elevados do que nunca, com Costa a “dar” de um lado e a tirar do outro.

Desde o dia 2 de Janeiro do novo ano que está de regresso ao trabalho, mas fique a saber que não está a trabalhar para si, mas sim para o Estado. Até ao Verão, tudo o que auferir como fruto do seu trabalho tem como destino o erário público. E este ano o Governo planeia angariar mil milhões de euros adicionais para pagar as medidas clientelistas de António Costa e manter o défice baixo perante um povo que ainda teme uma nova bancarrota como a de 2011.

Os milagres não existem, o dinheiro tem de vir de alguém. E esse alguém é o contribuinte, que à data desta edição já está a trabalhar para pagar aos cofres estatais. E assim vai continuar até ao Verão, mesmo com as promessas de Costa sobre a diminuição dos impostos.

Apesar do bonito discurso sobre a reforma das tabelas do IRS, a verdade é que os números do Governo mostram que a previsão é encaixar com este imposto quase exactamente o mesmo montante que em 2017. Costa refugia-se no “enorme” crescimento económico previsto — de 2,1 por cento, um valor baixo (ver caixa) — para defender que os ordenados vão ter um aumento suficientemente significativo para que os portugueses paguem o mesmo em termos nominais de IRS, mas menos em percentagem.

Os números oficiais, no entanto, mostram que o primeiro-ministro não conta a realidade toda. Excluindo quem aufere o salário mínimo (que, por norma, não paga IRS), não é previsto por nenhuma entidade externa ao poder político um aumento salarial que exceda os dois por cento. Com uma inflação estimada em 1,4 por cento a comer grande parte dos aumentos salariais, há a possibilidade de os portugueses ficarem mais pobres em termos reais, mesmo que em termos nominais possa parecer que foram aumentados.

Paga ao Costa!

O certo é que, com mais ou menos truques contabilísticos, em cada dez euros que um trabalhador português recebe da entidade patronal, pelo menos quatro euros são consumidos pela máquina fiscal em impostos directos. Ou seja, quase metade do rendimento do trabalhador médio em Portugal é anualmente nacionalizado pela classe política, o que não deveria ser surpreendente, visto que o Orçamento para 2018 prevê que o Estado vai representar o equivalente a 45 por cento da economia nacional.

Na demanda por aproximar Portugal das “finlândias” deste mundo, a classe política aumentou desmesuradamente a despesa pública, e mesmo depois da austeridade aplicada tanto por Passos Coelho como (disfarçadamente) por Costa, o Estado planeia despender 90 mil milhões de euros para se manter a funcionar. Grande parte representa esbanjamento e erros do passado (quase todos da governação socialista entre 2005 e 2011). Dez por cento do que vamos ser obrigados a pagar este ano dizem respeito apenas aos juros da dívida contraída principalmente por José Sócrates.

Entretanto, segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, o peso das ruinosas Parcerias Público-Privadas vai ser tal que Portugal poderia sem elas alcançar um excedente orçamental já em 2018. Mas há que pagar os erros dos socialistas, e esse dinheiro, como esperado, vem dos bolsos dos portugueses.

Em IRS vão cobrar-nos 12 mil milhões de euros, o que parece muitíssimo mas chega para pouco mais do que pagar os juros da dívida; e em Segurança Social, que é paga tanto pelo patrão como pelo empregado, o Estado vai encaixar 20 mil milhões de euros.

Mas o grande destaque este ano é para os impostos indirectos. A máquina de propaganda socialista montou uma grande operação para esconder dos portugueses aquilo que a oposição grita de forma furiosa na Assembleia da República: a carga fiscal este ano vai ser pesadíssima, e o próprio Governo admite-o nas páginas do Orçamento do Estado para 2018. Costa planeia “compensar” a suposta redução nos impostos directos, que é ficcional, com um brutal aumento nos impostos indirectos.

Esmifrados

Se com os impostos directos estava a trabalhar uns valentes meses para Costa, com os impostos indirectos o primeiro-ministro exige-lhe que dê ainda mais uns meses da sua vida a favor do Estado. Este ano, o Governo planeia arrecadar mais em IVA do que em IRS: quase 17 mil milhões de euros, isto numa taxa que teima em não baixar do elevadíssimo valor de 23 por cento, um dos mais elevados da Europa.

Se conduz, então ainda vai dar mais uns dias de trabalho ao Estado, porque quase todo o dinheiro que gasta em gasolina — cerca de 70 por cento — vai ter como destino os cofres do Tesouro, num total de 3,5 mil milhões de euros. E não esquecer o imposto automóvel, onde o Estado arrecada 700 milhões dos nossos euros, ou o imposto de circulação, que ainda dá mais 300 milhões para o Governo fazer face às despesas.

Quem fuma ainda vai dar mais uns dias do seu labor a António Costa e companhia, que arrecadam 1,5 mil milhões de euros nas pesadas taxas sobre o tabaco; e se for beber um copo com amigos, então vai dar mais um dia ou dois do seu trabalho ao Estado, que assim coloca mais 300 milhões nos cofres. De facto, a única forma de não pagar taxas ao Estado é não comprar comida, não conduzir, não fumar e não beber. Ou seja, deixar de viver.

Tudo resumido, retirada a propaganda, já está a pagar a António Costa. Até ao Verão nada do que ganhar será verdadeiramente seu, mas sim do Governo. São os privilégios de viver e trabalhar numa autodenominada República Socialista…