TELMO MOREIRA

A polémica em torno das viagens dos deputados das regiões autónomas, pagas a dobrar pelo erário público, é apenas a ponta de um ‘iceberg’ de falta de ética que envergonha a classe política. Sabe-se agora que os eleitos da Nação quase conseguem duplicar o valor do seu salário (que já é seis vezes o salário mínimo nacional) usando e abusando de subsídios e apoios extra. Tudo legal. Tudo imoral.

Eles sabem que o povo despreza a gula do político venal, a avidez por dinheiro daqueles que se instalaram no poder, não para servir, mas para se servirem. Por isso, ao longo dos anos, têm vindo a disfarçar o dinheiro que recebem dos cofres público debaixo de uma vasta capa de alcavalas, subsídios disto e apoios daquilo.

Se se perguntar a um deputado quanto recebe de salário mensal, a resposta oficial será rápida: 3.600 euros. Nada mau, considerando que o salário mínimo nacional está fixado nos 580 euros e o salário médio do trabalhador português não chega aos 1.000 euros.

Mas, ainda assim, a essa resposta faltará acrescentar a fatia mais escandalosa do total que ele, na verdade, leva para casa todos os meses: os suculentos “extras” que quase duplicam o seu rendimento como político.

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