Quando se fizer a história da política portuguesa destes anos, muita gente vai ficar estarrecida com a quantidade de imbecilidades produzidas pelos governos de António Costa. Não há forma de usar outra linguagem, ou de tentar ser politicamente mais correcto, esta é a realidade que nos é imposta diariamente e não é por acaso. De facto, os governantes escolhidos pelo primeiro-ministro formam um conjunto anormal de amoralidade e de incompetência. Vejamos alguns exemplos:
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, é um caso extremo de impreparação para um lugar de tamanha complexidade e importância, devido a uma governação pautada por políticas irreais de base meramente ideológica e por decisões cujos resultados é incapaz de prever, mesmo o que é facilmente previsível. Por exemplo, a política ferroviária, baseada no isolamento de Portugal da concorrência internacional é insustentável, seja porque é contrária às decisões liberalizadoras da União Europeia, seja porque é oposta a tudo o que está a ser construído na Europa no domínio da ferrovia, nomeadamente em Espanha, seja porque, mais tarde ou mais cedo, os agentes económicos vão compreender o erro, nomeadamente os exportadores, e tomarão consciência do buraco em que os meteram. A tudo o ministro responde inventando uma realidade paralela: a bitola ibérica não é um problema, os espanhóis não estão a fazer nada na ferrovia, a TAP é um caso de sucesso e as pernas da União Europeia até tremem desde que Portugal lhes entregou um plano de reorganização da empresa. Este é o resumo do pensamento do ministro.
As decisões assumidas pelo ministro sobre a ferrovia e sobre a TAP são tão erradas que só podem ser compreendidas como parte da campanha do ministro para ganhar o apoio dos partidos de esquerda na sua tentativa de chegar a Secretário-Geral do PS. Porque a partir daí, penso, não passará. Desde logo porque está a afrontar uma política europeia já praticada noutros países, porque o mercado do transporte aéreo mudou muito e a TAP está a ser apanhada pelos destroços e porque o Estado português nunca conseguiu gerir bem as empresas e, finalmente, porque a errática intervenção do ministro será sempre capaz de destruir qualquer empresa. Poderá apenas, reconheço, ter a sorte de sair do cargo antes do desastre da TAP, que ficará para outro resolver.
A ministra da Saúde, Marta Temido, comporta a duvidosa virtude de ser a pessoa que em Portugal mais confunde todo o sistema nacional de saúde com o Serviço Nacional de Saúde. Para a ministra, o sector privado não existe e o sector social tem dias. De facto, a ministra anda há anos a pensar a forma de fazer implodir todo o sistema privado de saúde, a ADSE é um espinho cravado na sua consciência, e o rápido crescimento do sector privado e a fuga dos profissionais são questões que lhe tiram o sono, mas que ela resolve adiando o problema, até que alguém tenha a caridade de a libertar. Até esse dia, o SNS tem, dizem, mais dinheiro, certamente mais gente, mas está pior organizado e a resultante degradação dos serviços prestados é inevitável. Esta ministra é quem mais promove o sector privado, que não pára de crescer, através da falência do sistema público, para mal dos doentes que não têm dinheiro. É a chamada tempestade perfeita.
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