Segundo consta por aí, o Natal é suposto ser a data em que se celebra o nascimento de Jesus Cristo. Os autarcas portugueses, por sua vez, celebram o nascimento de mais uma oportunidade de esbanjamento.
Já não chega montar-se um presépio e uma árvore de Natal, e mais umas luzes para embelezar a polis: os autarcas querem copiar os “povos civilizados” do norte da Europa e gastar dinheiro a rodos em “aldeias de natal” e festinhas para entreter os petizes enquanto os pais se endividam a rodos nas lojas. Se Jesus Cristo viesse à terra, choraria perante tal espetáculo.
Luzinhas, muitas luzinhas
As iluminações são, em primeira linha, uma das principais despesas no Natal autárquico, mesmo que seja a mais tradicional devido ao seu chamariz de clientes para o comércio local.
Em tempos, a iluminação e embelezamento das ruas era uma actividade realizada, em muitos casos, em conjunto pelos comerciantes locais com algum apoio dos municípios e freguesias. Até aí, nada de mal.
Mas o Estado português, sempre ávido de modernices, deixou o comércio local essencialmente definhar ao ter autorizado a construção de horrendos centros comerciais em cada esquina da pátria.
O decréscimo da actividade comercial a nível local em detrimento das grandes superfícies (que, à data em que este texto segue para o prelo, estão a abarrotar) deixou os comerciantes com menos fundos, atirando para as autarquias a pesada factura natalícia.
A título de exemplo, tanto na cidade do Porto como no município de Albufeira (onde há poucos portugueses, mais muitos turistas) vai-se gastar 300 mil euros para iluminar as ruas. Em Braga são quase 150 mil euros. Em Ponta Delgada são 100 mil euros. E a história continua. No total, multiplicando pelos 308 municípios portugueses e 3.091 freguesias, o bolo torna-se grande.
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