Mário Casa-Nova Martins copyMÁRIO CASA NOVA MARTINS

 

Direita da bifana são aqueles sectores que vinham de origens pobres e que puderam estudar graças ao Estado Social, e às conquistas da revolução feitas pela esquerda, mas que nunca subiram ao topo. E andam sempre a culpar a esquerda por não terem progredido. É uma forma de alpinismo social, mas eles ficaram a meio. Culturalmente, ainda têm essas origens mais humildes, ou rurais. É um conceito irónico. – Raquel Varela in “Sábado”, n.º 581 – 18 a 24 de Junho de 2015.

Quem é Raquel Varela, a criadora desta definição sociológica, ou pretensamente sociológica? É uma paineleira num programa da televisão, na RTP Informação, de nome “A Barca do Inferno”. O baixo nível do programa era tal que fez com que entretanto fosse suspenso. O que só por si diz muito!

Raquel Cardeira Varela (1978) é investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, onde coordena o Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais e investigadora do Instituto Internacional de História Social. É autora, entre outras obras, de “História da Política do PCP na Revolução dos Cravos” (Bertrand, 2011), obra apologética e revisionista do papel dos comunistas no PREC, a par de uma leitura e interpretação marxista dos factos.

Esta introdução, que também é uma apresentação da personagem, torna-se necessária para se compreender o que quer dizer, onde quer chegar com aquela definição. Sabe-se que esta esquerda, à qual a dita pertence, sente uma “superioridade moral” sobre todos os outros, a par de uma “superioridade intelectual e cultural”, fruto do seu complexo de inferioridade de Derrotados da História. A Ideologia Marxista e sua variante Comunista perderam o Combate das Ideias, e hoje pertencem ao “Cemitério das Verdades Eternas”!

Vencidos nesta Batalha Cultural, tornaram-se mesquinhos. E a definição da “direita da bifana” é uma mesquinhez, ao nível do “brincar aos pobrezinhos na Herdade da Comporta”!

O Estado Social de que a senhora fala é uma criação do Estado Novo, que depois na Terceira República tem os desenvolvimentos normais dentro de uma sociedade em contínua construção e mutação. As suas bases remontam à década de sessenta do século passado, e é pertença de todos os portuguese e não apenas de uma parte, uma elite. As “conquistas da revolução” são um chavão que a extrema-esquerda do actual regime glosa, mas que não tem conteúdo.

Aquilo a que os radicais gostam de referir como “conquistas da revolução” consubstancia-se na tentativa da instauração de uma ditadura comunista, a qual foi derrotada em 25 de Novembro de 1975, a destruição dos tecidos económico e financeiro, as ocupações selvagens e selváticas, seguidas de roubo de bens do próprio Estado e de particulares.

O desconhecimento da nóvel historiadora quanto ao facto de o acesso ao ensino ser uma realidade para todos e não para uma elite, é curiosa, porque o direito à educação, tal como à saúde e a outras áreas sociais não são monopólio deste regime.

A seguir, darwinismo social ou a marxista teoria das classes sociais, explica, ou só pode explicar a raiva que demonstra pelos que, como escreve, “nunca subiram ao topo”.

Poder-se-ia dizer que demonstrou elitismo e não raiva. Mas que há aqui ressabiamento, é indiscutível. A tal “superioridade” imanente à sua condição de ‘femme de gauche’, intelectual, defensora das chamadas “causas fracturantes”, e, quiçá, a quimera de ser uma Ulrique Marie Meinhof à portuguesa!

“Alpinismo social” é crime que, pelos vistos, a esquerda detesta, ou não fosse o tal elitismo que cultiva… E, uma vez mais, a “superioridade” dos “grandes” em relação aos “humildes”. E que dizer quanto às “origens”? Onde andará, para não se falar em Liberdade e Fraternidade, a revolucionária Igualdade!

A distinção entre “campo” e “cidade” é fundamental para esta esquerda justificar a sua “superioridade”. A diferença entre o operariado e o campesinato é feita no marxismo, considerando os primeiros progressistas e os segundos reacionários. A revolução faz-se com as massas das cidades, com o operariado e não com os camponeses.

Para esta luminária ser-se “rural” é ter origens humildes, mostrando o ódio de classe que caracteriza a praxis comunista, o que é uma forma de racismo, pelo que, porventura, se poderia dizer que Raquel Varela seria racista. Raquel Varela menoriza a Instituição Académica a que pertence!

Intolerância grassa na esquerda radical. No fundo, é o seu ‘modus operandi’.

Arrogância, prepotência, junto com a ideia de serem uma elite cultural e intelectual, é o protótipo desta esquerda radical, justiceira, cultora de totalitarismos, criadora de paraísos concentracionários, e que é acima de tudo pretensamente culta.

Grave é “idiotas úteis” incensarem esta gentalha, que no fundo os despreza.