Uma das crises económicas mais longas do Ocidente

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2022

 

João-Filipe-Pereira_PB-150x150JOÃO FILIPE PEREIRA

Parece ridículo que em pleno século XXI uma crise económica possa durar sete anos… e sem fim à vista. Parece ainda mais ridículo que na União Europeia se esteja a discutir a exclusão de um país do seio do grupo da moeda única. E o ridículo atinge limites extremos quando, no seio dessa união, esse país representa apenas uma pequena gota. Imaginemos que o Estado do Texas faliu e que agora se debate a sua expulsão dos EUA. Ridículo.

A realidade é só uma: a União Europeia e o Euro falharam.

É tempo da Europa parar de sofrer – por culpa própria – com crises que nascem do lado de lá do Oceano. Recordemos, apenas como exemplos, o “Crash de 29”, que foi terrível para os Estados Unidos. Quiçá, o mais parecido com o que se passa agora com a Grécia. Porém, a diferença é que em 1934, cinco anos depois do início, a crise já estava a caminhar para o fim.

Em 1971, os países europeus assistiram, calados, – tal como agora – ao “fim do padrão ouro”. O excessivo gasto dos EUA nos investimentos no estrangeiro e a Guerra do Vietname fizeram com que as reservas de ouro que o país tinha caíssem drasticamente fazendo com que o valor da moeda deixasse de estar conectado com o metal precioso.

Richard Nixon decidiu suspender a convertibilidade com o ouro e desvalorizou a moeda em 10%, algo que fez sem consultar os membros do Sistema Monetário Internacional.

Dois anos depois, voltou a desvalorizar a moeda, com o que acabou finalmente com o padrão ouro. Assim começou a época dos câmbios flutuantes em função da evolução dos mercados internacionais de capital.

Poderíamos falar ainda na “Segunda-feira Negra”, ou nesse astuto “Plano Marshall”, na “Crise das pontocom”, ou da crise que abalou o Nasdaq e que em apenas três anos apagou do mapa quase cinco mil companhias.

Até poderia mencionar a crise de 2008. A crise financeira originada nos EUA em consequência das hipotecas nocivas (“subprime”) concedidas sem garantias a milhares de cidadãos e que acabou com os grandes gigantes financeiros do país. A crise mais grave desde os anos 30.

Mas a verdade é que temos de começar a olhar para nós e repensar a Europa como a queremos: qual o melhor caminho. Como é que Bruxelas permite uma crise tão grande, durante tanto tempo? Porque necessitou a Europa do FMI? Quanto dinheiro está a União Europeia a perder para o exterior?

Um dia teremos acesso a todos esses dados. Será tarde demais, mas a verdade terá de vir ao de cima.